sábado, 19 de novembro de 2011

RONDONIA É AQUI?

Valdir Cardoso (*)


Parlamentares que participaram da Legislatura anterior (2006/2010) na Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul estão com as “barbas de molho” com a divulgação de novas inconfidências do ex-primeiro secretário da Mesa Diretora que envolve nomes de outros parlamentares e membros da administração da Casa, até porque é do conhecimento público que Ary Rigo não agia sozinho. Na verdade o ex-deputado era apenas o operador de um sistema corrupto que desviava mais de 50 milhões de Reais do duodécimo repassado pelo Executivo ao Poder Legislativo.

As afirmações irrefutáveis do ex-deputado, consideradas simples “bazófias” ganharam credibilidade quando a atual Mesa Diretora da AL, depois da divulgação dos vídeos, tomou a iniciativa de devolver ao Tesouro Estadual algo em torno de 50 milhões de Reais, valor que corresponderia ao que era desviado dos cofres públicos com a seguinte destinação:

R$ 2.000.000,00 (Dois Milhões de Reais), em dinheiro, para o bolso do governador André Puccinelli; R$ 900.000,00 (novecentos mil Reais) para membros do Tribunal de Justiça; R$ 300.000,00 (Trezentos mil reais) para o ex-procurador Geral de Justiça Miguel Vieira, sobrando ainda um montante de aproximadamente R$ 3.000.000,00 (Três Milhões de Reais) que eram divididos entre os 24 parlamentares que recebiam, na Legislatura passada, um “salário” de 120 mil Reais mensalmente e segundo o operador do sistema “os deputados agora terão que se contentar com um salário de R$ 42.000,00 (Quarenta e Dois Mil reais).



Depois das delações do ex-deputado Ary Rigo a Assembléia, além devolver os 50 milhões de Reais ao Governo do Estado, retomou as obras do anexo que estavam paralisadas há mais de cinco anos “por falta de dotação orçamentária”.

Ao mesmo tempo, Campo Grande que enfrenta sérios problemas na área de Saúde Pública, recebeu uma boa notícia: como estava com dinheiro em caixa, a Assembléia Legislativa destinou (fato inusitado. Nunca visto na História deste País) R$ 3.000.000,00 para a Prefeitura de a Capital concluir as obras do Hospital do Trauma, anexo à espoliada Santa Casa de Campo Grande.

Vejam, pois, que a única vez na vida que o ex-deputado Ary Rigo falou a verdade ninguém - a imprensa, os atuais deputados, o Ministério Público, a “vigilante OAB/MS e a própria Justiça – fez questão de não o levar a sério, preferindo jogar toda a sujeira para “baixo do tapete”.
       
Acontecimentos que estão apavorando os parlamentares sul-mato-grossenses são os desfechos de operações realizadas pela Polícia Federal no Amapá, Brasília e agora em Rondônia onde 1/3 dos membros do Legislativo foram parar atrás das grades.

Confiam, aqueles que passaram a mão no dinheiro público, que pelo fato de todos os Poderes estarem envolvidos no esquema de corrupção, conforme as afirmações do ex-deputado Ary Rigo, que nada vai acontecer porque não espaço em nossos presídios para acomodar número tão elevado de “gatunos” que, além de imunidade, têm direito à prisão especial.

Neste caso, a sociedade organizada (ainda existe isto?) ou mesmo um cidadão comum no pleno gozo dos seus direitos poderia pedir a intervenção federal no Estado e mostrar ao Brasil que Mato Grosso do sul não precisa receber bandidos em nosso presídio Federal, pois temos – de sobra – clientela formada por importantes figuras para preencher todas as celas do sistema penitenciário. E se o trabalho for bem cuidadoso pode haver super-lotação.  Próximo capítulo: RONDONIA É AQUI.

(*) O autor é jornalista e foi presidente da Câmara de Vereadores, prefeito de Campo Grande e deputado estadual. É Diretor do Site www.ojornalms.com.br              

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