quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Corrupção gera reação

 Valdir Cardoso (*)


O número de pessoas que participou da passeata contra a corrupção em Campo Grande pode não ter sido expressivo, porém não restam dúvidas que já é um bom começo, pois simboliza o início de uma reação que pode tomar conta de toda a sociedade em um espaço de tempo mais curto do que se imagina, até porque o movimento não teve a participação de medalhões políticos, o que seria cômico já que todas as agremiações partidárias são envolvidas em atos ilícitos.

A não participação de militantes partidários foi positiva sob todos os aspectos e evitou que o movimento fosse usado pelos adversários do PT a nível nacional ou por aqueles que, como eu, cobram uma punição exemplar para os envolvidos no Mensalão da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, esquema delatado pelo fanfarrão ex-deputado estadual Ary Rigo que entre outras “confidencias” declarou, em fita gravada com autorização judicial, que repassava mensalmente, em dinheiro vivo, ao governador André Puccinelli (PMDB) a importância de Dois Milhões de Reais (R$2.000.000,00) que eram desviados diretamente dos cofres do Parlamento sul-mato-grossense para o bolso daquele que deveria zelar pelo patrimônio público e pelos recursos oriundos da cobrança de escorchantes impostos.

Eu, por exemplo, que exerci cargo público ou eletivo durante 18 anos, poderia estar presente portando uma enorme faixa com os dizeres “CADEIA PARA PUCCINELLI”, que segundo minha principal testemunha o hoje bem sucedido produtor rural e ex-deputado Ary Rigo, se locupletava dos recursos que o seu Governo repassava mensalmente ao Poder Legislativo, referente ao duodécimo constitucional.





As afirmações do delator ao jornalista Eleandro Passaia são irrefutáveis – só a Justiça não acredita, preferindo taxá-las de “bazófias” – e até a grande imprensa de Mato Grosso do Sul prefere tratar do assunto – quando o faz esporadicamente – blinda o chefe do Poder Executivo, exigindo punição aos outros beneficiários do vergonhoso esquema do “Mensalão da Assembléia” citados NOMINALMENTE pelo “gaucho fanfarrão”, que envolve todos os deputados estaduais da Legislatura passada (2006/2010) que recebiam um “salário” mensal de 120 Mil Reais; do Poder Judiciário (TJ) - único que abriu suas contas para se defender da acusação – que recebia 900 mil Reais mensalmente, e o Ministério Público Estadual –MPE- através do ex-procurador Miguel Vieira, aquinhoado com 300 mil reais mensais.

Estas “inconfidências” do ex-1º secretário da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa culminaram com a operação Uragano, da Polícia Federal, concluídas há mais de um ano e já enviadas ao Poder Judiciário.

Para colaborar com aqueles que lutam contra a corrupção, inserimos neste artigo o os vídeos gravados pelo jornalista Passaia, que servirão também clarear a mente daqueles que blindam o mais poderoso. .Apesar de ter o seu trabalho inicial concluído há mais de 365 dias, a Polícia Federal ainda tem, atendendo recomendação do CNJ, ouvido envolvidos no escândalo, dentre os quais o ex-deputado Ary Rigo e o desembargador Claudionor Abbss Duarte, fato ocorrido recentemente.

Diante dos entraves jurídicos que normalmente agem em benefício dos portadores de imunidade (ou seria impunidade?) muita coisa ainda pode vir à tona, inclusive – acreditem- com a punição dos corruptos e corruptores.

Mesmo sem ter citado diretamente o “Mensalão da Assembléia”, o movimento contra a corrupção poderá fazer com que o Poder Judiciário, em todas as suas instâncias – passe a agir para acabar com a promiscuidade havida entre os Poderes constituídos em Mato Grosso do Sul.

A “Marcha contra a Corrupção” poderá desencadear ações punitivas imediatas e “desenterrar” casos escabrosos que acontecem em Mato Grosso do Sul, dentre os quais o referente à comercialização de unidades habitacionais da COHAB e da Agehab, denunciada pelo ex-assessor do vereador Wanderley Cabeludo (PMDB), Celso Roberto Costa, o “Mário Covas”, que confessou “vender vagas na fila de inscritos” para receber casas construídas com o dinheiro do FGTS, porque – segundo ele – era protegido por integrantes do primeiro escalão do Governo do estado.

Neste caso, sem julgamento, já houve uma punição: O denunciante está preso na Penitenciária de Segurança Máxima e “defendido” por um advogado indicado pelos próprios governistas. A OAB e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana têm conhecimento do inusitado fato, mas providência que é “bom”, nada, “nadica” de nada. Isto só acontece em um Estado onde, queiram ou não, impera a contravenção, a corrupção e a bandidagem. Aqui o Sistema é bruto.

(*) O autor é jornalista há mais de 40 anos e foi vereador, presidente da Câmara de Vereadores, prefeito de Campo Grande. Atualmente é diretor do Site http://www.ojornalms.com.br


P.S. O presente artigo é de livre publicação... Para quem quiser se arriscar. 

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