sábado, 18 de janeiro de 2014

Sucessão de Puccinelli volta a estaca zero

Valdir Cardoso (*)

PMDB e PT podem marchar juntos; PSDB e PT se unem para derrotar PMDB; PSB de Murilo fica com Delcídio; PMDB pode lançar Simone para o Governo; Reinaldo Azambuja aceita disputar o Governo; Finalmente PMDB e PSDB podem voltar a caminhar juntos. PDT pode lançar Juiz para o Governo.  Estas foram matérias que povoaram os últimos meses de 2013 e hoje, meados de janeiro de 2014, a maioria das teses defendidas já foi descartada.

Falta credibilidade

Mesmo que o candidato oficial do PT já tenha percorrido todo o Estado, praticamente sozinho sem concorrente definido, sua situação não é tão tranquila, pois não tem conseguido fechar acordo definitivo com nenhuma outra agremiação de peso, o mesmo ocorre com o seu mais provável adversário, o ex-prefeito Nelsinho Trad, que também “patina feio” na hora de “bater o martelo”.

Segundo observadores mais atentos, a dificuldade que enfrentam é a tal falta de credibilidade política, pois ambos – Delcídio e Nelsinho – não têm um histórico muito bom no quesito que abrange o cumprimento de compromissos pré-eleitorais, principalmente no que se refere à liberação de estrutura para os aliados e também por não serem amantes ferrenhos da verdade.

Nelsinho Trad, Reinaldo Azambuja e Delcídio Amaral
Delcídio que já abandonou companheiros no meio da estrada para acertar apoio ao candidato do PSDB/PMDB em 1998, no primeiro turno, para – depois da divulgação das pesquisas no segundo turno – mudar com arma$ e bagagem para o lado de Zeca do PT que já detinha 62% da intenção de votos. Com a “onça morta”, o então presidente do Conselho de Administração da ENERSUL – que pertencia ao governo do Estado- na administração do governador Wilson Barbosa Martins. Já em 2010 andou distante do candidato do seu partido, o mesmo Zeca do PT que o lançou politicamente, preferindo ficar “coladinho” no governador André Puccinelli, que liderava as pesquisas.

Isto tudo deixando de lado suas posições dúbias, dentre as quais quando tentou impedir a candidatura do então deputado Paulo Duarte à prefeitura de Corumbá, ao tentar alavancar a candidatura de um vereador do PP, apoiado pelo Legislativo Municipal, como se Câmara de Vereador tivesse status de Partido Político. Posteriormente, depois de apoiar abertamente a eleição do prefeito Alcides Bernal, o abandonou quando este enfrentava problemas com a Justiça e com o Legislativo.

Outro episódio “marcante” na conduta do senador que quer governar Mato Grosso do Sul, foi a sua declaração – através das redes sociais – que não estava entendo os motivos que levaram milhares de brasileiros às ruas para protestar, entre outras coisas, contra políticos corruptos e também contra aqueles que “dão o tapa e escondem as mãos”.

Isto tudo impede que tenha ao seu lado expressivas lideranças políticas do Estado.

Só acreditam se Puccinelli avalizar   

Já o ex-prefeito Nelsinho Trad, que critica a postura do seu correligionário Jerson Domingos, presidente da Assembleia Legislativa, que apoia Delcídio do Amaral (PT), qie em 2010 não acatou a decisão do Diretório Regional do PMDB ao apoiar a candidatura de Dilma Rousseff à presidência.

Outros fatos que a classe política não esquece é o golpe dado no parceiro PSDB ao acatar a iniciativa do DEM de forçar os aliados a desistirem do lançamento do vice na chapa vitoriosa no pleito de 2008, “se esquecendo” do acordo com os tucanos que ajudaram na sua eleição em 2004.

Governador André Puccinelli
A única vantagem que Trad leva sobre Delcídio é que se ele for avalizado pelo governador André Puccinelli é possível que PSDB, PDT e outras agremiações se arrisquem em acreditar nas suas intenções, pois o governador é complicado para “prometer”, porém quando o faz cumpre religiosamente, fugindo do esquema desenvolvido pelo ex-prefeito que é o de “levar tudo com a barriga”.

DELCÍDIO SEM AVALISTA

Enquanto isso, o senador “petista” Delcídio do Amaral Gomez, terá que trazer de Brasília ou de outro Estado Brasileiro uma liderança nacional do PT e que não esteja hospedada no Presídio da Papuda, para respaldar seus compromissos porque o seu grupo político aqui no MS não tem nenhuma liderança de peso, onde se destacam os deputados federais Antonio Carlos Bife e Vander Loubet, que é “reforçado” pelo ex-presidente regional Marcus Garcia. E só. Quem avalizaria os compromissos de Delcídio com prováveis aliados? Sua história?

PSDB está “na pista”, aguardando proposta.

Mesmo ainda estando em férias, o deputado Reinaldo Azambuja, que retorna à ativa na próxima semana quando deverá assumir o comando das negociações com os outros partidos e começar a definir sua participação na eleição majoritária como candidato ao Governo ou Senado. Enquanto isso estará conversando pessoalmente ou através dos deputados Rinaldo Modesto e Márcio Monteiro, presidente do PSDB em Mato Grosso do Sul.

No PSDB, a grande maioria dos membros defende a candidatura de Reinaldo Azambuja para o Governo, porém vê com bons olhos uma reaproximação com o PMDB, o que manteria o discurso de mudança proposta por Aécio Neves e Eduardo Campos (PSB) e as críticas ao desempenho da Economia nacional durante o Governo de Dilma Rousseff.

Mesmo com esta manifestação feita internamente, todos afirmam que confiam na decisão a ser adotada pelo deputado Reinaldo e que o acompanharão sem nenhuma restrição à coligação que for decidida ou mesmo com o lançamento de candidatura própria.

PDT aprova formação de aliança forte

Sob a liderança do ex-deputado João Leite Schimidt, definiu como “normal” a reaproximação do PMDB com o PSDB, por serem aliados tradicionais aqui no Estado e seria uma forma de impedir a volta do PT ao comando do Governo Estadual.
João Leite Schimidt, presidente regional do PDT
Por outro lado, sem definir qual o rumo que seu partido deverá tomar, o dirigente pedetista só afirma que tomará a decisão no momento oportuno e até uma candidatura própria é possível.

Participar é preciso

Certa vez, o sábio conselheiro João Leite Schimidt assumiu a responsabilidade de levar o partido a apoiar um candidato inviável, com mínima chance de vitória, enquanto a maioria defendia o candidato que liderava as pesquisas. E ele justificava: “A Democracia é ótima. O importante não é vencer, mas sim participar. Vencer uma eleição dá muito trabalho, pois você assume muitos compromissos e compromissos são feitos para serem cumpridos em sua totalidade. Perdendo você pelo menos colaborou com o aprimoramento da democracia”.

Voto vencido acompanhou a decisão da maioria, apoiando o candidato vencedor e viu o seu Partido participar do Governo sem nenhuma chance de cumprir os compromissos de campanha, pois não tinha espaço importante... Melhor teria sido apoiar o projeto perdedor.

(*) O autor é jornalista e já foi prefeito de Campo Grande, deputado Estadual, vereador e presidente da Câmara Municipal, chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde e subchefe da Casa Civil do Governo Pedro Pedrossian. É diretor do Site www.ojornalms.com.br.