terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O QUE É ISSO? Zeca do PT e Puccinelli juntos

Valdir Cardoso (*)

A reação carregada de ironia do governador André Puccinelli sobre a surpreendente proposta do ex-governador Zeca do PT sugerindo o seu nome para compor a chapa do provável candidato do PT, senador Delcídio Amaral, nas eleições de 2014, vai entrar para o folclore político regional como o “Dia da Doideira”, pois sua proposta, prá lá de indecente, jamais teria a aprovação da decantada militância petista e a súbita demonstração de simpatia pelo nome do adversário só poderia ser recebida com desdém pelos peemedebistas.

Zeca do PT e André Puccinelli (Foto: APN)


Se o ex-governador assumiu esta postura visando demonstrar que aceita qualquer tipo de acordo para viabilizar a eleição do senador Delcídio Amaral na sucessão de Puccinelli, tentando com isto provar que ambos estão unidos, portanto se merecem, sua intenção está servindo para unir o grupo de Puccinelli e do prefeito Nelsinho Trad, pois quando o adversário pede arreglo é porque reconhece a superioridade do opositor.

O que pode ser entendido, se existir alguma possibilidade de uma atitude desta ser palatável, é que o petista está mesmo querendo demonstrar gratidão ao seu correligionário senador porque este teria conseguido a liberação de recursos para quitar dívidas pendentes da campanha de 2010 que seriam “zeradas” com verbas do Diretório nacional do Partido governista.

Também esta possibilidade é facilmente descartada diante do fato de que compromissos financeiros assumidos pessoalmente pelo então candidato petista e repassadas ao “tesoureiro” da campanha Carlos Longo não foram quitadas e quando cobrados desconversam... Calam-se ou culpam o ex-ministro Antonio Palocci... 

Na verdade o que pode estar acontecendo é que o ex-governador, assim como Dagoberto Nogueira (PDT), cansou de perder para aquele que em passado recente abominava, resolvendo virar sua fraca artilharia contra o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, provável candidato do PMDB na disputa pelo Governo em 2014.

O “faz me rir”, cantarolado pelo governador é apropriado para o momento, pois se ele realmente estiver disposto a barrar a pretensão de Trad em sucedê-lo não precisará da insinuação e assédio de adversário histórico, agirá, como sempre, diretamente com o senador Delcídio, com quem mantém um relacionamento prá lá de republicano, fazendo apenas uma exigência: “Del, eu topo, mas desde que você deixe o Zeca e o Dagô fora da brincadeira”. E é lógico que o ligeiro senador aceitaria de bom grado. 

Políticos antigos sempre demonstraram que tinham outro tipo de atitude, pois quando perdiam iam para a oposição e nunca se entregavam, exemplo claro da rivalidade mantida durante anos entre os ex-governadores Wilson Martins e Pedro Pedrossian que nunca se enfrentaram em eleição majoritária, porém jamais marcharam juntos. Wilson sempre negou qualquer tipo de aproximação com o seu histórico rival, afirmando sempre que ambos deviam respeitar os seus companheiros e eleitores que jamais aceitariam uma união por interesse, que seria classificada de espúria. E possivelmente diante deste tipo de posicionamento é que permaneceram tanto tempo na liderança de seus grupos políticos.    
Na verdade a proposição do ex-governador demonstra um enorme desespero e dá razão ao eleitor que anda enojado da política que é praticada em Mato Grosso do Sul.

(*) o autor é jornalista e foi vereador, deputado estadual e prefeito de Campo Grande. É editor do site  www.ojornalms.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário