quarta-feira, 2 de maio de 2012

2014: Sucessão em compasso de espera


(*) Valdir Cardoso


Com idas e vindas patrocinadas pelos dois postulantes à sucessão do governador André Puccinelli em 2014, prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) e senador Delcídio Amaral (PT) e com uma importante eleição municipal neste ano, a eleição majoritária de 2014 entra definitivamente em compasso de espera, uma vez que ambos têm colhido frutos preciosos quando calados e perdido grande parte da colheita ao se pronunciarem ou tomar posições em momentos inadequados.

O SURFISTA

Conforme já foi definido por competente e bem informado analista político, o senador Delcídio age, sem nenhum pudor como se fosse um experiente “surfista”, aproveitando as “ondas” mais favoráveis para fazer suas incursões, porém quando sente que a onda está “morrendo” retorna ao ponto de partida no aguardo de uma nova oportunidade para pontuar.

Ocorre que algumas “ondas” são falsas e acabam levando o “surfista” a “quebrar a cara”, como ocorreu com a promessa de apoio ($$) à pré-candidatura do vereador Ângelo Guerreiro (PSD) à Prefeitura de Três Lagoas, provocando uma aproximação maior do grupo da vice-governadora Simone Tebet com o prefeito campo-grandense, selado com um pronunciamento do deputado Eduardo Rocha, esposo da vice-governadora, que declarou da tribuna que “o nosso candidato ao Governo em 2014 será o prefeito Nelson Trad Filho”.

Como o candidato adversário da prefeita Márcia Moura (PMDB) está demonstrando não ser nenhum fenômeno eleitoral, o “senador surfista” já está, discretamente, se afastando do projeto que tinha em mente de derrotar o grupo de Simone Tebet em Três Lagoas e o pré-candidato do PSD já está encontrando sérias dificuldades para ter um contato direto com o petista.

“SURFANDO” NA FRONTEIRA

Assim também ocorreu em Ponta Porã, onde havia “pego uma carona” na onda do prestígio do prefeito Flávio Kayat (PSDB), o senador Delcídio investiu pesado em uma “nova onda” na cidade fronteiriça desta feita numa tentativa dentro do seu próprio partido, quando patrocinou a filiação da advogada Sudalene Machado Rodrigues no PT, incentivando sua pré-candidatura à sucessão de Kayat.

Senador com sua pré-cxandidata em Ponta Porã, esposa do Meia Agua - Foto divulgação Facebbook
  Um pequeno imprevisto nesta nova “onda”: o marido da advogada Sudalene, introduzida no PT pelas mãos do senador, Cláudio Rodrigues, mais conhecido pela alcunha de “Meia Água”, tem uma “capivara” quilométrica, que faz inveja aos nossos “bandidinhos interioranos”. “Meia Água”, que cumpriu pena por homicídio em São Paulo é hoje um mega empresário da fronteira e dono de uma fortuna que deve ter caído do Céu, mas já foi descoberto e está recolhido a uma cela em presídio fora de Ponta Porã, por suposto envolvimento no desaparecimento de Daniel Georges, o “Danielito” como também no assassinato do jornalista Paulo Rocaro e de um policial militar.

Como era de se esperar, o senador petista abandonou a “onda”, afirmando que a escolha do candidato (a) do PT à prefeitura da cidade fronteiriça é um problema do Diretório Municipal do Partido. E sobre a esposa de “Meia Água” não quis se manifestar afirmando que a “conhecia de vista”.

”SURFANDO” NAS ÁGUAS DO RIO PARAGUAI

Profundo conhecedor das águas pantaneiras, pois nasceu em Corumbá, onde viveu até os 14 anos e só retornou já de cabelos grisalhos, pegou uma onda “magistral” em sua cidade, ao assumir publicamente o compromisso de apoiar “o candidato a prefeito indicado pelos integrantes da Câmara de Vereadores, mesmo que o escolhido não pertencesse ao PT”.

Mais uma “onda” enganosa, pois Câmara de Vereadores não tem status de Partido Político e ninguém combinou com aqueles que decidem: os eleitores. Na primeira tomada de intenção de votos o projeto mostrou-se inviável e a “prancha” dos vereadores naufragou, pois o nome da preferência popular era o do deputado estadual Paulo Duarte, do PT. Obviamente o senador recuou, deixando os vereadores “a ver navios”.

NELSINHO: FALANDO FORA DE HORA

Por seu turno, o mais provável candidato do PMDB à sucessão do governador André Puccinelli, prefeito Nelson Trad Filho, de Campo Grande, não está demonstrando firmeza na disposição de enfrentar o petista, deixando claro que se ”Se eu estiver mal na pesquisa o que eu vou fazer lá? Eu defendo quem estiver melhor na pesquisa”, conforme declarou ao Site Midiamax, na manhã de terça feira.

Prefeito só entra na disputa se estiver bem nas pesquisas Foto Amparim Lakatos/midiamax.com

Isto tudo depois do governador André Puccinelli afirmar que se juntar ao PT nas eleições de 2014 é algo hipotético e que acredita no bom desempenho do prefeito campo-grandense. E se não estiver bem nas pesquisas não precisará nem desistir porque o próprio governador e o Partido tomarão a iniciativa de escolher outro candidato para substituí-lo.

Só falta agora o pré-candidato do PMDB afirmar, se for escolhido para representar o partido na eleição para governador, que “não queria ser candidato. Preferia estar pescando no “Touro Morto”, ops, pescando com o Antonio João lá no Piquiri”.

Em eleições anteriores, o eleitorado demonstrou que só vota naqueles que têm vontade, prazer mesmo de governar e o prefeito Nelson Trad Filho está menosprezando seu próprio potencial, pois quem conseguiu recuperar a popularidade junto à população depois do malfadado episódio do IPTU de 2011 não tem o direito de temer o julgamento das urnas.

“DECLARAÇÃO CHINFRIM”

Se ainda estivesse entre nós, aquele que foi o guru que norteou os passos do prefeito campo-grandense durante toda a sua existência, e consultado fosse, com certeza, o repreenderia, dizendo, no seu linguajar peculiar: “Nelson, sua declaração foi chinfrim e não coaduna com o seu nível de sagacidade e inteligência. Vá à luta, filho”.

(*) O autor é jornalista e foi vereador, deputado estadual, prefeito de Campo Grande. É diretor do Site WWW.ojornalms.com.br 

       

Nenhum comentário:

Postar um comentário