domingo, 30 de dezembro de 2012

Tapa-buracos, transportes coletivos e Mídia: "As Galinhas dos Ovos de Ouro"


AS GALINHAS DOS OVOS DE OURO


(*) Valdir Cardoso 

A maioria das pessoas bem informadas de Campo Grande tem conhecimento de que durante os últimos oito anos esta palhaçada chamada operação “tapa-buracos”, as concessões para a exploração dos serviços de Transportes Coletivos dadas pela Prefeitura e a Mídia “rateada” – o que vem a calhar - aos áulicos do Poder, foram, sem sombras de dúvidas, as fontes arrecadadoras para a manutenção da estrutura de grupos políticos que integram a “corriola” do já quase ex-prefeito Nelson Trad Filho. Eram estes segmentos as verdadeiras “galinhas dos Ovos de Ouro”.

Sabe-se que é praticamente impossível mensurar quantas toneladas de material betuminoso é aplicado para cobrir os buracos que surgem após qualquer chuvisco na frágil pavimentação dos bairros de Campo Grande, cujas ruas apresentam um verdadeiro retalho em seu leito “carroçável”, nome apropriado, isto porque após o fechamento das “crateras” tais vias ficam parecendo pista para carroças mesmo.

TAPA-BURACOS  

O único serviço que nunca parou durante os oito anos do mandato que expira nas próximas horas foi a operação “tapa-buracos”, terceirizado para duas empresas há mais de seis anos, como se a Prefeitura não tivesse condições para executar tal serviço por administração direta, o que reduziria o seu custo em –pasmem- mais de 60% . E não tem condições mesmo, porque em passado não tão distante tinha e estava preparada, mas hoje c om os maquinários, caminhões etc., estão completamente sucateados pela ação do tempo e de uma gestão imcompetente à frente da secretaria de Obras da Prefeitura.

Muitas vezes este problema foi atacado até certa virulência por vereadores da própria base do prefeito em fim de mandato, dentre os quais dois de seus ex-líderes, que depois dos primeiros “ataques” eram silenciados, possivelmente em troca de algumas benesses em outra área. Outras vezes, os “denunciantes” queriam mesmo era indicar uma nova empreiteira para pegar o rico filão da “galinha dos ovos de ouro”, que sorveu, derreteu e esbanjou recursos que poderiam ter sido aplicados na Saúde e na Educação.

Se falo/escrevo sobre a execução de serviços por administração direta pelas prefeituras é porque tive a oportunidade de, ao assumir a prefeitura de Campo Grande, em menos de duas semanas construímos uma ponte sobre o córrego Segredo, na Rua Euler de Azevedo, no Bairro São Francisco, reestabelecendo o tráfego de veículos para a CopaSul e toda a saída para a BR 080, saída para Rochedo, que estava interrompido a mais de seis meses. Testemunhas estão aí: os antigos comerciantes da região e os verdadeiros executores da obra: Engenheiros José Divino, meu secretário de Obras, hoje aposentado como engenheiro do Município e o também engenheiro Wilson Cabral, atual Secretário de Obras do governador André Puccinelli. Na época, “Cabralzinho” era um engenheiro recém-formado e trabalhava mais de 10 horas por dia, porque a Gestão que tinha como slogan “O Povo no Poder” executava obras por administração direta e economizava para os cofres públicos. FICA A DICA.


TRANSPORTES COLETIVOS

Como é do conhecimento geral, os serviços de transportes coletivos são executados por empresas particulares que, obviamente, visam lucros e são castigadas pelo excesso de “gratuidades” e principalmente, o que é pior, sofrem com o pagamento de propinas a gestores do setor, forçando aí a elaboração de uma planilha falsa, o que ENCARECE o preço da tarifa.

Este setor, aliás, é um dos que o prefeito a ser empossado, Alcides de Jesus Bernal, conhece muito bem até porque foi presidente da Comissão de Transportes da Câmara de Vereadores e já teve o patrocínio da ASSETUR, entidade que reúne as empresas que exploram os transportes coletivos em Campo Grande, em um dos seus programas na mídia.

MÍDIA... SÓ PARA APANIGUADOS

Este também poderá ser um assunto que deve merecer a atenção da próxima administração e da futura Câmara de Vereadores da Capital. Até 31 de dezembro só eram aquinhoados com recursos da verba de divulgação da Prefeitura da Capital aqueles que estavam em uma relação que só o prefeito e o super-secretário Paulo Nahas ( aliás, um dos poucos auxiliares competentes, ao lado de Cesar Estoduto (Receita) e Maria Cecília Amêndola (ex-titular da Educação) tinham acesso. O pobre do assessor de comunicação social só recebia a relação depois de liberada pelo chefe, com os nomes dos apaniguados/beneficiários da verba pública. Um fantoche e por isto mesmo seus antecessores pediram o boné.   

A solução para esta área é simples e tudo indica que o futuro prefeito fará modificações, porque, como homem de imprensa, ele sabe que a imprensa séria (se é que existe...) só recebe o pagamento correspondente às inserções de interesse do Município e não pelos elogios escancarados a um prefeito narcisista.

A solução aqui é simples: Exija principalmente dos sites de notícias RELATÓRIOS DE ACESSO emitidos pelo GOOGLE ANALITIC, que não manipulado, pois existem sites e blogs que não têm nem vinte acessos diários e recebem (só até dia 31/12) valores enormes dos cofres municipais. Isto sem se falar em “devezenquandários”, revistas sem nenhum conteúdo e de circulação duvidosa que eram beneficiadas. Isto precisa acabar, e já.

E O BERNAL, VAI MATAR A GALINHA DOS OVOS DE OURO?

Apostas já são feitas que dificilmente a indústria do “Tapa-buracos” será sepultada, porém é quase certo que aqueles que exigiram mudanças passarão a exigir ações seguras e não a simples troca de empreiteiras para executar os serviços de recuperação da esfarelada malha asfáltica de Campo Grande. A saída repito, mais uma vez, é a imediata recuperação dos equipamentos da Secretaria de Obras e a compra de novos caminhões para atender a demanda da secretaria.

Se ela não executa nenhum serviço, pergunto: Para que serve a onerosa secretaria de Obras?

Este artigo pode até servir de orientação ao prefeito, em relação aos três setores, e deve ser levado a sério porque é assinado, modéstia as favas, é assinado por alguém que já passou por lá e saiu, graças a Deus, de mãos e consciência LIMPAS.

Por outro lado é perfeitamente natural que é de “onde nada se espera é pode sair algo surpreendente... ou nada mesmo”. FICA A DICA.

(*) O autor é jornalista e foi vereador, presidente da Câmara Municipal, prefeito de Campo Grande e deputado estadual. É editor do Site www.ojornalms.com.br  

      

Um comentário:

  1. Parabéns pelas dicas construtivas e os exemplos citados.

    Pessoalmente, não acredito em tapa-buracos municipal (pelo menos para cidades do tamanho de CG ou maiores). Acho que o Bernal deveria por em prática a intenção (que só ficou nela mesma) do Nelsinho no início de sua segunda administração: redução de 30% nos contratos com empreiteiras e prestadoras de serviços. É claro que deverá, para isto, abrir mão da contrapartida financial-eleitoral obrigatória. Mas porque todo, absolutamente todo, contrato tem que ter essa contrapartida? Numa época em que todas as diversidades são consideradas (indo até ao exagero inaceitável), porque não podem caminhar, lado a lado, licitações "normais" e licitações "virgens". O que os políticos têm contra as (e os) virgens?

    Que tal se o Bernal (rimou) separasse uma cota só sua, ainda que pequena, para esse tipo de licitação ou contrato?

    ResponderExcluir