quinta-feira, 26 de julho de 2012

Proposta de união instável ou demonstração de fragilidade?

 

(*) Valdir Cardoso

Mesmo antes do início efetivo da campanha para a escolha do sucessor do prefeito Nelsinho Trad, de Campo Grande, os três partidos que aparecem fantasiados de “oposicionistas” (PT, PP e PSDB) pregam uma união um tanto estranha “para enfrentar o candidato do PMDB em possível segundo turno”, dando uma demonstração de fraqueza e falta de um compromisso ideológico ou mesmo preocupação em apresentar um programa de Governo que seja superior ao que o PMDB vem realizando na capital de Mato Grosso do Sul durante as últimas duas décadas.

Para a criação deste verdadeiro “Frankstein Político”, que seria o candidato da coligação PSDB/PT/PP, as lideranças dos três partidos têm dois tipos de discursos, um para o público externo e outro para a militância. Internamente o PT diz não acreditar na possibilidade do “tucano” ir para o segundo turno e, portanto, não correria o risco de aparecer na foto com os adversários para a eleição de 2014, quando PT e PSDB estarão, de novo, disputando o comando do País através da presidente Dilma Rousseff (PT) e do senador Aécio Neves (PSDB), enquanto o PP estará, como sempre, ao lado daquele que vencer o pleito para continuar “mamando nas tetas da Viúva”.

Por seu lado, os “tucanos” pensam de forma inversa, pois entendem que o julgamento do “Mensalão petista” mostrará aos eleitores quem são os verdadeiros “ficha suja”, que tentaram empurrar o julgamento pelo STF “para depois das eleições”.

É obvio que dentro das duas agremiações existem grupos que não aceitam a parceria de fachada com o adversário a nível nacional e a primeira reação em Mato Grosso do Sul partiu exatamente de um ex-xiita e hoje parceiro do PMDB, o deputado Pedro Kemp que afirmou para a imprensa que jamais apoiaria um candidato dos tucanos “que deixaram esta herança maldita para o PT depois de oito anos do Governo Fernando Henrique”. Depois foi convencido que este apoio era apenas uma “brincadeirinha” do senador Delcídio que quer de fato se aproximar ainda mais do PMDB e do governador André Puccinelli.

No PT a rejeição ao PSDB é tão grande que a direção nacional do Partido interveio no Diretório Municipal de Sidrolândia para impedir o apoio ao candidato dos tucanos, recomendando a coligação com o parceiro nacional, o PMDB do vice-residente da República, Michel Temer. Se na pequena Sidrolândia os petistas não aceitam acordo com o PSDB como aceitariam na Capital que detém 33% do eleitorado do Estado?
E o PSDB que discurso teria para atacar as realizações da administração peemedebista, uma vez que participou diretamente das gestões de André Puccinelli e de Nelsinho Trad.

Também o PSDB tenta acalmar os seus, através da premissa que o PT entrou na disputa muito desgastado devido às divergências entre o senador Delcídio Amaral e o ex-governador José Orcírio.

Se por ventura um dos dois – PT ou PSDB – chegar ao segundo turno qual, liderança nacional teria coragem de se apresentar em um palanque com inimigos mortais que só têm em comum o envolvimento nos escândalos nacionais, como – por exemplo – o governador Marconi Perilo (PSDB/Goiás) envolvido na CPI do Cachoeira e o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, réu no processo do “Mensalão Petista” onde é
acusado de ser o chefe da quadrilha que comprava apoio no Congresso Nacional?

Na verdade o acordo entre PT e PSDB está baseado em uma frágil união instável, com cada um pensando de uma forma: “vamos fingir que estamos juntos e depois a gente vê quem vai ser traído”.


(*) o autor é jornalista e foi vereador, presidente da Câmara da Capital, deputado estadual e prefeito de Campo Grande.

 

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