domingo, 28 de agosto de 2016

“CANETADA” DE JANOT NÃO PASSA DE UM TRIBUTO À IMPUNIDADE


              
(*) VALDIR CARDOSO





              A surpreendente decisão do procurador geral da República, Rodrigo Janot, determinando o encerramento das negociações de deleção do empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que apresentaria provas da corrupção deslavada a partir da distribuição de propinas a políticos de expressão como o ex-presidente Lula e o líder do PSDB Aécio Neves, pode ser entendida como um tributo à impunidade, premiando aqueles que usaram do prestígio dos cargos que exerceram e se apropriaram de recursos públicos de forma desavergonhada, falindo a Petrobras e o País, distribuindo apenas migalhas para os milhões de famintos, através do programa bolsa família.
              A estranha alegação do zeloso procurador geral da República de que diante da repercussão do vazamento pela revista VEJA de alguns itens da extensa CONFISSÃO do empresário que comandou o esquema de distribuição das propinas oriundas daquela que foi uma das maiores empresas do Planeta e orgulho dos brasileiros, é, no mínimo, tendenciosa, seletiva e infantil.
              TENDENCIOSA porque o próprio MPF já foi acusado por investigados de promover vazamentos de delações que envolviam somente integrantes da mequetrefe oposição que existe no país e até para pressionar “aliados” que poderiam oferecer perigo ao governo petista, como foi caso do senador Fernando Collor (PTB/AL) que teve automóveis de luxo apreendidos, mesmo sendo comprovadamente herdeiro de uma grande fortuna, mesmo antes de ingressar na vida pública. Aqui não se trata de uma defesa do senador alagoano, mas sim uma demonstração clara de que ele sempre foi um desafeto do procurador geral, por isso foi “condenado” por toda a mídia paga com recursos públicos e ridicularizado por todos aqueles que não tiveram a sorte de ser herdeiro de uma grande fortuna, isto é: foi ridicularizado pela maioria da população brasileira, mesmo sem ter sido julgado pela justiça.

              SELETIVA porque só recusou a delação premiada do ex-presidente da OAS devido ao fato de que ela, além de enlamear de vez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprovando que ele é de fato o proprietário do tríplex reformado pela OAS, envolve a principal liderança tucana, que é o senador Aécio Neves, e até membros do Judiciário.

            INFANTIL porque julga que todos nós brasileiros, incluindo jornalistas, advogados e outros profissionais que, por dever de ofício, acompanham no dia a dia as mazelas que foram promovidas contra a população brasileira, aquela que trabalha, produz e paga impostos para que um grupo seleto e acima de qualquer suspeito se beneficie, seriam imbecis e sem poder de reação, já que esta seleta elite temporária é integrada por membros dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

              Não se admite que um poder que manda investigar qualquer autoridade com base apenas em DENÚNCIA ANÔNIMA desconheça uma denúncia feita por um empreiteiro que conviveu durante décadas com o poder e se apresenta como o operador verdadeiro do esquema para abastecer os cofres petistas e da oposição para se calar como ocorreu com o pagamento de uma propina de R$ 10 milhões ao falecido senador Sérgio Guerra, na época presidente do PSDB, que agiu para impedir a primeira tentativa de uma CPI para mostrar o assalto que se praticava contra o patrimônio da Petrobras. Esta “canetada” condena também o furo de reportagem investigativa e a imprensa independente, pois é certo que a Revista Veja teve acesso à delação do empreiteiro Léo Pinheiro, não inventou nada e nem foi seletiva.

(*) VALDIR CARDOSO é jornalista e foi vereador por dois mandatos pelo MDB, presidente da Câmara Municipal e prefeito de Campo Grande/MS, deputado estadual e no serviço público foi chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde, subchefe da Casa Civil e assessor especial do ex-governador Pedro Pedrossian. Foi chefe de Redação da Sucursal da Folha de Londrina em Campo Grande e cronista esportivo, redator e editor do jornal Diário da Serra, órgão dos Diários Associados.    
      




     

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