OPINIÃO
(*) Pedro
Pedrossian Neto:
Economista, professor e mestre em Economia Política pela
PUC-SP
Pedro Pedrossian Neto (foto Campo Grande News) |
O imaginário coletivo não
suporta a noção de decadência. A vida necessita da crença de que amanhã será
melhor e, de forma inconsciente, alimenta uma espécie de otimismo mágico
segundo o qual a mudança virá, mesmo que ela não se apoie em nenhuma opção
concreta. As coisas não estão bem em Campo Grande e tampouco há garantias que reencontraremos o caminho. Ainda
assim guardamos essa esperança irrefletida, sonâmbula, quase ingênua no
progresso, como se as coisas pudessem resolver-se sozinhas. O despertar da
consciência política precisa ganhar forma num amplo projeto
de reformas que possam
reconstruir Campo Grande.
A construção do consenso em
torno deste projeto terá que ser a maior obra política do próximo prefeito (ou
prefeita). Ele precisará apresentar a sociedade um “mapa do caminho”, convencer
as pessoas da necessidade em adota-lo, e seguir com coragem e liderança –
sobretudo porque os ajustes implicarão sacrifícios de todos. O primeiro deles
será reequilibrar o orçamento público e, com isso, retomar a capacidade da
prefeitura em prestar os serviços sociais básicos e investir.
A sociedade rejeita, com razão,
o aumento de recursos ao município via impostos. A carga tributária já é
elevada e a prefeitura conta com um orçamento de R$ 3,45 bilhões para 2016 – o
que significa quase R$ 4 mil anuais por habitante. Para fazer mais, a
administração municipal terá que apostar no profissionalismo da gestão,
renegociar contratos, enxugar pessoal, eliminar desperdícios, regalias,
distorções salariais, combater a sonegação e a corrupção. Os recursos existem,
mas são tornados insuficientes pela mão esperta e frouxa.
Vejamos, por exemplo, o
orçamento da saúde, de cerca de R$ 1,2 bilhão para 2016. Quando dividido pelo
número de usuários potenciais do SUS da capital, resulta em aproximadamente R$
150 por pessoa a cada mês. Não é muito, mas também não é pouco: esse valor é
praticamente o mesmo que os servidores do governo do Estado pagam, em média,
para ter direito ao seu plano de saúde, que dá cobertura completa de internação
nos hospitais privados da capital. É a prova de que dá pra fazer mais com o
dinheiro existente.
Enquanto isso, a Santa Casa agoniza. Com um déficit de R$ 2,5 milhões
mensais, a entidade encontra-se sucateada e com menos leitos do que dispunha no
passado. De fato, ao final da década de 1990, Campo Grande possuía cerca de 4,1
leitos hospitalares por cada grupo de mil habitantes, contra 2,7 hoje. Se
quiséssemos voltar ao patamar de outrora, teríamos que construir quase 1.200
leitos hospitalares, o que equivale a duas Santas Casas ou quatro hospitais do
tamanho do Regional. Gasta-se mais com a saúde do que no passado, mas a
estrutura de atendimento é inferior.
O orçamento da educação
também é expressivo. Em outra ocasião, apontei que os cerca de R$ 765 milhões
disponíveis significam um gasto mensal de quase R$ 742,00 por aluno da rede
pública municipal – mais do que a média das mensalidades escolas privadas do
ensino fundamental de Campo Grande, estimada em R$ 550,00 (com os “kits
escolares” e merenda, chega-se a R$ 700,00). Vivemos o paradoxo de um orçamento
rico contrastando com uma educação pobre, causada por um modelo escolar em
profunda crise estrutural. Nele, o admirável esforço dos professores se
dissolve em meio a distorções e problemas de gestão.
O otimismo sem um projeto é ingênuo; um projeto sem otimismo é inócuo.
Na luta contra o pessimismo precisamos encontrar caminhos concretos de
superação, conciliando esperança e consciência. Esta trajetória virtuosa não me
parece colocada, até o momento, pelos “favoritos” ao poder. Uma ruidosa
discussão de nomes precede o debate de ideias – e cidade real vai ficando
distante, esmaecida, até tornar-se invisível ao egoísmo da classe política. O
pesadelo da decadência, tão opressivo e verdadeiro, precisa nos despertar para
a vontade de reconstruir.(*) Pedro Pedrossian Neto que publicou hoje (17/03) no jornal CORREIO DO ESTADO esta importante e abalizada análise sobre a triste situação pela qual passa a administração da nossa Capital, sem radicalismo a apresentando números reais é um jovem economista, filho do produtor rural PEDRO PAULO PEDROSSIAN e da sra. FERNANDA FRANCO PEDROSSIAN e neto do ex-governador PEDRO PEDROSSIAN e da exprimeira dama de MT e MS MARIA APARECIDA PEDROSSIAN. É casado com com sra. MARIANA DO EGYTO PEDROSSIAN, com a qual possui uma filha e um filho. MARIANA é filha do advogado e professor universitário DR. YVON MOREIRA DO EGYTO FILHO ("Bock), ex-presidente da Câmara de vereadores de Campo Grande, e da sra. NILCE BARBOSA DO EGYTO.
O DNA e o conhecimento sobre o assunto são ótimos (Valdir Cardoso).
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