Valdir Cardoso (*)
MUITO INTERESSANTE a análise atribuída ao governador
Reinaldo Azambuja (PSDB/MS) interpretando com muita astúcia, para não dizer
malandragem política, o que tem movido a população brasileira incluindo aí,
obviamente, a sul-mato-grossense e campo-grandense, uma vez que bate certinho
na tecla preferida pelos mais brilhantes analistas políticos e atentos
observadores do comportamento humano.
DIANTE da constatação do governador tucano
feita após sonora vaia com a qual foi brindado pelos agentes comunitários da
Saúde, que prestam serviços ao Município e cobravam a fatura do apoio concedido
à sua caminhada rumo ao governo do Estado, confirma-se que o “compromisso de
campanha” resumia-se a um documento assinado pelo antão candidato Reinaldo
Azambuja comprometendo-se a, se eleito, repassar diretamente ao sindicato que
congrega a categoria recursos suficientes para a concessão de um reajuste
salarial aos autênticos formadores de opinião que são os agentes de saúde,
deixando a administração municipal fora do acordo político-eleitoral.
TROCANDO EM MIÚDOS, vamos ao popular:
isto representa a simples e pura contratação de “cabos eleitorais” que, como
funcionários do município, receberiam do Governo de Mato Grosso do Sul uma
compensação pela divulgação do nome que representaria uma “verdadeira mudança”
na maneira de governar, sendo que este trabalho aconteceria no período em que
os servidores executavam suas funções, quando visitavam as residências em todas
as regiões da Capital.
“NÃO ESTOU SÓ”
HORAS DEPOIS, já refeito do susto com
as primeiras vaias, o governador emitiu o seu insuspeito posicionamento,
através de palavras fortes, coerentes e divulgadas pelo jornal diário Correio
do Estado: “Há consenso de que, independentemente de partido, conduta, boa gestão, o clima é de
insatisfação com a classe política é generalizado. A população está ficando
mais crítica, e o que que levou a isso foram atos de corrupção, de promessas
não cumpridas, de ações que não aconteceram em um momento de crise econômica,
desemprego. O momento é de falta de credibilidade da classe política como um
todo “, concluiu o governador Reinaldo Azambuja.
NA VERDADE, o atual governador que já
está entrando em seu oitavo mês de governo, que ele não admite ser lerdo, mas
não pode ser considerado que tenha celeridade e eficiência, o único projeto que iniciou e deve ter concluído foi na área de saúde com a implantação da “Caravana”,
que visitou quatro cidades e está em compasso de espera, por falta de planejamento,
ou que já esteja concluída após realizar milhares de cirurgias de catarata.
OUTRO
TIPO de comportamento que não foi analisado pelo governador é relacionado à
postura eleitoreira que determinados homens públicos assumem depois que chegam
ao poder, quando, além de não cumprir com a palavra (que deveria ser algo
sagrado), com os acordos assinados na presença de inúmeras pessoas e
representantes de classe, bem como governar com as vistas voltadas para o “retrovisor”,
sem olhar para a frente, perdendo com isto completamente o rumo, o que pode
causar acidentes de percurso. Isto tudo pode provocar também vaias e protestos.
MASCARAR dados oficiais também podem levar ao descrédito e, possivelmente enganado por
uma assessoria fraca e sem experiência no serviço público, conforme aconteceu
com o atual governador que afirmou durante vários meses que recebeu um governo
falido, com “apenas” R$ 301 milhões, quando na verdade o balanço oficial dos
primeiros três meses da nova gestão, confirmam que Azambuja encontrou em caixa
no dia 1º de janeiro de 2015 a importância de R$ 571 milhões,
apresentado pelo
próprio governador no início de abril, com um “pequeno erro” de R$ 270 milhões.
A PROVA concreta da presença de pessoas que não conhecem a realidade de Mato Grosso do Sul, sem nenhum resquício de xenofobismo ultrapassado, ocupando cargos relevantes vindos de outras regiões, com outra cultura, já viciada muitas vezes, é o que ocorre na SECOM, onde um "marketeiro" com doutorado, mestrado e todo tipo de aperfeiçoamento exerce a função de sub-secretário de imprensa, subordinado ao chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula, para receber um salário de R$ 15 mil, com todo este curriculun que é verdadeiro. Com ele trouxe um Guilherme, um alagoano que estava perdido lá na aprazível Belo Horizonte para comandr a Redação da Socom, hoje transformada em em cabide de empregos até para quem nunca militou na imprensa. E sabem qual foi a primeira demissão publicada no DO depois da posse da dupla na SECOM? Simplesmente a exoneração do Jornalista Silvio de Andrade, um dos mais competentes profissionais da imprensa sul-mato-grossense, com alegação de que precisavam da função para atender um "correligionário" e o Andrade que já foi correspondente do Jornal do Brasil, O Globo e Estadão, além de ter iniciado sua carreira há 40 anos do jornal Diário da Serra e com vínulo com o Correio do Estado durante vários anos, hoje presta serviços há vários orgãos da imprensa, porque não tem nenhum tipo de restrição à sua conduta e por ser apolítico e extremamente ético.
TUDO
ISSO, somado à uma assessoria de comunicação que tem suas vistas voltadas
para o passado querendo mascarar informações oficiais, geram descontentamento,
principalmente quando se sabe que foi muito criticado o fato de as despesas com
os empréstimos consignados e encargos com a folha de pagamento, em
torno de R$ 143 milhões, não terem sido quitadas em dezembro, sendo que todas as
normas existentes estabelecem que tais despesas devem ser quitadas até o dia 20
do mês subsequente, conforme vem sendo praticado pelo atual governo.
DINHEIRO em caixa havia, já que o 13º e a
folha de dezembro já estavam quitadas, até para concluir as obras do Aquário do
Pantanal, se estas não tivessem sido paralisadas e quitar os consignados com os
bancos credores as parcelas já descontadas do salários dos servidores, dentro
do prazo legal.
FALANDO em consignados, mais um fator que
pode gerar insatisfação e desaguar em vaias e protestos é colocar à disposição
da Casa Civil, alto funcionário da Secretaria de Fazenda com salário acima de R$
30 mil, para comandar as ações do governo em importante cidade de Mato Grosso do Sul,
caso específico do auditor fiscal Ruiter Cunha (ex PT), ex-prefeito de Corumbá,
que deixou o cargo em 2013 depois de ser envolvido em atos de corrupção por
desviar recursos para quitar empréstimos consignados, sendo acusado ainda de
peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, de acordo com
investigação levantada pelo Polícia Federal quando da realização da operação “DECOADA”. Tudo isto para que o
ex-petista se filiasse ao PSDB, partido do Governo, que na campanha dizia que seu governo seria formado por cidadão "ficha limpa" e não só por fazendeiros.
REALMENTE tem razão sua excelência o
governador, a população está realmente mais crítica e cansada de ser enganada
durante as campanhas eleitorais com promessas de vingança e quebra de
compromissos por parte de pessoas que gostava de dizer que a palavra de um de
seus concorrentes era igual a um risco n’água. Verdade, existem um grande
número de políticos inconfiáveis.
(*)
O autor é jornalista e foi vereador por
dois mandatos, presidente da Câmara Municipal, prefeito interino de Campo Grande,
sub chefe da Casa Civil e assessor especial do governador Pedro Pedrossian. É editor
do site www.ojornalms.com.br
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