A surpreendente decisão do procurador
geral da República, Rodrigo Janot, determinando o encerramento das negociações
de deleção do empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que apresentaria
provas da corrupção deslavada a partir da distribuição de propinas a políticos
de expressão como o ex-presidente Lula e o líder do PSDB Aécio Neves, pode ser
entendida como um tributo à impunidade, premiando aqueles que usaram do
prestígio dos cargos que exerceram e se apropriaram de recursos públicos de
forma desavergonhada, falindo a Petrobras e o País, distribuindo apenas
migalhas para os milhões de famintos, através do programa bolsa família.
A estranha alegação do zeloso
procurador geral da República de que diante da repercussão do vazamento pela
revista VEJA de alguns itens da extensa CONFISSÃO do empresário que comandou o
esquema de distribuição das propinas oriundas daquela que foi uma das maiores
empresas do Planeta e orgulho dos brasileiros, é, no mínimo, tendenciosa, seletiva e infantil.
TENDENCIOSA porque o próprio MPF já foi acusado
por investigados de promover vazamentos de delações que envolviam somente
integrantes da mequetrefe oposição que existe no país e até para pressionar
“aliados” que poderiam oferecer perigo ao governo petista, como foi caso do
senador Fernando Collor (PTB/AL) que teve automóveis de luxo apreendidos, mesmo
sendo comprovadamente herdeiro de uma grande fortuna, mesmo antes de ingressar
na vida pública. Aqui não se trata de uma defesa do senador alagoano, mas sim
uma demonstração clara de que ele sempre foi um desafeto do procurador geral,
por isso foi “condenado” por toda a mídia paga com recursos públicos e
ridicularizado por todos aqueles que não tiveram a sorte de ser herdeiro de uma
grande fortuna, isto é: foi ridicularizado pela maioria da população
brasileira, mesmo sem ter sido julgado pela justiça.
SELETIVA porque só recusou a delação premiada
do ex-presidente da OAS devido ao fato de que ela, além de enlamear de vez o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprovando que ele é de fato o
proprietário do tríplex reformado pela OAS, envolve a principal liderança
tucana, que é o senador Aécio Neves, e até membros do Judiciário.
INFANTIL porque julga que todos nós
brasileiros, incluindo jornalistas, advogados e outros profissionais que, por
dever de ofício, acompanham no dia a dia as mazelas que foram promovidas contra
a população brasileira, aquela que trabalha, produz e paga impostos para que um
grupo seleto e acima de qualquer suspeito se beneficie, seriam imbecis e sem
poder de reação, já que esta seleta elite temporária é integrada por membros
dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Não se admite que um poder que
manda investigar qualquer autoridade com base apenas em DENÚNCIA ANÔNIMA
desconheça uma denúncia feita por um empreiteiro que conviveu durante décadas
com o poder e se apresenta como o operador verdadeiro do esquema para abastecer
os cofres petistas e da oposição para se calar como ocorreu com o pagamento de
uma propina de R$ 10 milhões ao falecido senador Sérgio Guerra, na época
presidente do PSDB, que agiu para impedir a primeira tentativa de uma CPI para
mostrar o assalto que se praticava contra o patrimônio da Petrobras. Esta
“canetada” condena também o furo de reportagem investigativa e a imprensa
independente, pois é certo que a Revista Veja teve acesso à delação do
empreiteiro Léo Pinheiro, não inventou nada e nem foi seletiva.
(*) VALDIR CARDOSO é jornalista e foi
vereador por dois mandatos pelo MDB, presidente da Câmara Municipal e prefeito
de Campo Grande/MS, deputado estadual e no serviço público foi chefe de
gabinete da Secretaria de Estado da Saúde, subchefe da Casa Civil e assessor
especial do ex-governador Pedro Pedrossian. Foi chefe de Redação da Sucursal da
Folha de Londrina em Campo Grande e cronista esportivo, redator e editor do
jornal Diário da Serra, órgão dos Diários Associados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário