A direção do PT não brinca em serviço.
Antônio Carlos Nantes de Oliveira (*)
//// Quando os dirigentes petistas perceberam que o barco estava fazendo água chamaram o Lula e o convenceram a “participar” do governo. Se concordasse em ser chefe da Casa Civil, com poderes de primeiro ministro, ele, Lula, de quebra, ganharia foro privilegiado. O plano agradou e os advogados do ex-presidente fizeram o resto para convencê-lo a aceitar.
A ideia foi levada a Dilma apenas com a segunda parte: a de garantir foro privilegiado.
Mas algo saiu errado.
Aconteceu o vazamento da gravação de um telefonema que Dilma fez a respeito de um documento que nem documento era, porque não estava assinado. Dizem que, em particular, Lula chamou Dilma de “estúpida”, porque com a iniciativa desastrada da presidente o plano de fazê-lo assumir “na prática” o governo caiu por terra.
Só que, “mordido pela mosca azul”, Lula começou a “invadir o terreno da presidente”. Ela percebeu, e, claro, não gostou.
Durante um jantar no Palácio da Alvorada, no meio da última semana, Lula começou a contar para Dilma as providências que tomara durante o dia, como, por exemplo, o acerto de um ministério para um partido da base aliada. A certa altura da conversa ela o interrompeu com uma pergunta: “Você não percebeu que está invadindo área de minha competência?”
O jantar azedou na hora.
Lula saiu do palácio e avisou a direção do PT que ia se afastar das negociações. Que Dilma usasse suas habilidades de negociadora e, sozinha, salvasse o próprio mandato.
Com olho em 2018 ele, Lula, foi para o Rio de Janeiro participar de uma manifestação de artistas e intelectuais contra o impeachment.
Já não é mais o futuro quase ministro chefe da Casa Civil. É candidato a presidente da República em 2018, na condição de maior opositor de Michel Temer.
Assim, há alguns dias, apesar do jogo de cena que antecede a votação de domingo, para Lula e para o PT, Dilma é página virada.
(*) Antonio Carlos Nantes de Oliveira é advogado e economista, foi vereador de Campo Grande e deputado federal por dois mandatos consecutivos no Mato Grosso uno e no Mato Grosso do Sul, pelo MDB. Serviu ao Governo Federal no Ministério da Administração no governo Itamar Franco e foi Consultor Legislativo no Senado Federal. É campo-grandense.
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