Diante da renúncia do seu colega senador Gim Argelo (PTB/DF) de
ser indicado para o elevado cargo de Ministro do TCU - Tribunal de Contas da
União -, por envolvimento em escândalos que remetem à prática de corrupção
passiva, e também pelos comprovados envolvimentos do deputado federal, André
Vargas(PT/PR),que renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara Federal,
parceiro do doleiro Alberto Youssef, o senador Delcídio Amaral (PT/MS),
acusado de envolvimento com ambos e, principalmente, com o famigerado ex-diretor
da Petrobras, colega e íntimo do senador sul-mato-grossense, Nelson Cerveró,
Delcídio tem sido aconselhado a deixar de processar a impressa e,
imediatamente, desistir da sua anunciada candidatura ao Governo de Mato Grosso
do Sul na sucessão do governador André Puccinelli.
Foto Geraado Magela/Agência Senado |
Ainda ontem, o Jornal O GLOBO publicou o
seguinte texto, altamente corajoso e em defesa da vilipendiada LIBERDADE DE
IMPRENSA:
O rio da minha
aldeia, por Sandro Vaia
O problema não é fazer ou deixar de fazer. O problema é noticiar.
Embora ainda não tenham sido escritos todos os compêndios sobre a decadência da mídia impressa e a emergência, em seu lugar, das redes sociais, como se a mudança de ambiente e de plataforma de distribuição da informação mudasse a natureza do jornalismo, os políticos, por via das dúvidas, preferem precaver-se a ter que correr atrás do prejuízo.
Foi o que aconteceu com o senador Delcídio Amaral (PT), pantaneiro boa pinta que fez de tudo para sair bem na foto da CPMI dos Correios, aquela que escavou as origens do julgamento do mensalão, que gosta de tuitar loas ao seu São Paulo F.C., e que sonha em ser governador do Mato Grosso do Sul.
Ele entrou com ação inibitória contra o Jornal Correio do Estado de Campo Grande para evitar a publicação de qualquer notícia que vincule seu nome ao do ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, demitido depois de ter sido responsabilizado pelas negociações da compra da refinaria de Pasadena.
A notícia que o Correio veiculou foi a de que Cerveró tinha sido indicado ao cargo pelo senador Delcídio — o que não foi invenção e nem vincula o nome do senador a qualquer negociação que seu apadrinhado tenha feito.
Delcídio Amaral, senador
O problema não é fazer ou deixar de fazer. O problema é noticiar.
Embora ainda não tenham sido escritos todos os compêndios sobre a decadência da mídia impressa e a emergência, em seu lugar, das redes sociais, como se a mudança de ambiente e de plataforma de distribuição da informação mudasse a natureza do jornalismo, os políticos, por via das dúvidas, preferem precaver-se a ter que correr atrás do prejuízo.
Foi o que aconteceu com o senador Delcídio Amaral (PT), pantaneiro boa pinta que fez de tudo para sair bem na foto da CPMI dos Correios, aquela que escavou as origens do julgamento do mensalão, que gosta de tuitar loas ao seu São Paulo F.C., e que sonha em ser governador do Mato Grosso do Sul.
Ele entrou com ação inibitória contra o Jornal Correio do Estado de Campo Grande para evitar a publicação de qualquer notícia que vincule seu nome ao do ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, demitido depois de ter sido responsabilizado pelas negociações da compra da refinaria de Pasadena.
A notícia que o Correio veiculou foi a de que Cerveró tinha sido indicado ao cargo pelo senador Delcídio — o que não foi invenção e nem vincula o nome do senador a qualquer negociação que seu apadrinhado tenha feito.
Delcídio Amaral, senador
O jornal de Campo Grande, inclusive, reproduziu notícia recebida da agência
Folhapress, da qual é assinante, e que também foi publicada em jornais de
circulação nacional, como O Globo, Folha de S.Paulo e Correio Braziliense.
O juiz Wagner Mansur Saad, da 12ª Vara Cível, ameaça multar o jornal em 20 mil reais a cada vez que publicar a informação relacionando os dois nomes, e quer obrigar o veículo a “revelar a fonte”, cuja inviolabilidade é garantida pelo art 5, XIV, da Constituição Federal.
A informação é pública e nacional, mas como o senador quer ser candidato no Mato Grosso do Sul, ele, como Alberto Caieiro, o heterônimo de Fernando Pessoa, tem que cuidar do rio de sua aldeia; ele não é o Tejo, mas é lá que correm os votos de que ele vai precisar.
As investidas contra a imprensa, como já comentamos exaustivamente, estão inseridas no DNA petista, e ainda que haja quem tente racionalizá-las apelando para a necessidade premente de uma suposta “regulação”, o rio da aldeia vai sempre desaguar no mesmo desconforto com o conteúdo.
Não é por acaso que as pouquíssimas entrevistas coletivas dos luminares e guias supremos do partido são dadas a interlocutores devidamente domesticados, e por ato falho ou não, desembocam na mesma ladainha, como foi a declaração de Lula na entrevista desta semana a blogueiros fiéis.
— A gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo.
Alguém aí para perguntar “que mentiras”? Ou o que significa “não permitir”?
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez e "Armênio Guedes, Sereno Guerreito da Liberdade"(editora Barcarolla). E.mail: svaia@uol.com.br
O juiz Wagner Mansur Saad, da 12ª Vara Cível, ameaça multar o jornal em 20 mil reais a cada vez que publicar a informação relacionando os dois nomes, e quer obrigar o veículo a “revelar a fonte”, cuja inviolabilidade é garantida pelo art 5, XIV, da Constituição Federal.
A informação é pública e nacional, mas como o senador quer ser candidato no Mato Grosso do Sul, ele, como Alberto Caieiro, o heterônimo de Fernando Pessoa, tem que cuidar do rio de sua aldeia; ele não é o Tejo, mas é lá que correm os votos de que ele vai precisar.
As investidas contra a imprensa, como já comentamos exaustivamente, estão inseridas no DNA petista, e ainda que haja quem tente racionalizá-las apelando para a necessidade premente de uma suposta “regulação”, o rio da aldeia vai sempre desaguar no mesmo desconforto com o conteúdo.
Não é por acaso que as pouquíssimas entrevistas coletivas dos luminares e guias supremos do partido são dadas a interlocutores devidamente domesticados, e por ato falho ou não, desembocam na mesma ladainha, como foi a declaração de Lula na entrevista desta semana a blogueiros fiéis.
— A gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo.
Alguém aí para perguntar “que mentiras”? Ou o que significa “não permitir”?
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez e "Armênio Guedes, Sereno Guerreito da Liberdade"(editora Barcarolla). E.mail: svaia@uol.com.br
PS:Pronto, “senador
dos outros”: Seja macho e processo o Globo, seu antiiigo aliado. Comprou briga
ruim e o ”Rei ficou nú”... rsrsr (Valdir Cardoso).
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