AS GALINHAS DOS OVOS DE OURO
(*) Valdir Cardoso
(*) Valdir Cardoso
A maioria das pessoas bem informadas de Campo Grande tem
conhecimento de que durante os últimos oito anos esta palhaçada chamada
operação “tapa-buracos”, as concessões para a exploração dos serviços de
Transportes Coletivos dadas pela Prefeitura e a Mídia “rateada” – o que vem a calhar
- aos áulicos do Poder, foram, sem sombras de dúvidas, as fontes arrecadadoras
para a manutenção da estrutura de grupos políticos que integram a “corriola” do
já quase ex-prefeito Nelson Trad Filho. Eram estes segmentos as verdadeiras “galinhas
dos Ovos de Ouro”.
Sabe-se que é praticamente impossível mensurar quantas
toneladas de material betuminoso é aplicado para cobrir os buracos que surgem
após qualquer chuvisco na frágil pavimentação dos bairros de Campo Grande,
cujas ruas apresentam um verdadeiro retalho em seu leito “carroçável”, nome
apropriado, isto porque após o fechamento das “crateras” tais vias ficam
parecendo pista para carroças mesmo.
TAPA-BURACOS
O único serviço que nunca parou durante os oito anos do
mandato que expira nas próximas horas foi a operação “tapa-buracos”, terceirizado
para duas empresas há mais de seis anos, como se a Prefeitura não tivesse
condições para executar tal serviço por administração direta, o que reduziria o
seu custo em –pasmem- mais de 60% . E não tem condições mesmo, porque em
passado não tão distante tinha e estava preparada, mas hoje c om os maquinários,
caminhões etc., estão completamente sucateados pela ação do tempo e de uma
gestão imcompetente à frente da secretaria de Obras da Prefeitura.
Muitas vezes este problema foi atacado até certa virulência por
vereadores da própria base do prefeito em fim de mandato, dentre os quais dois
de seus ex-líderes, que depois dos primeiros “ataques” eram silenciados,
possivelmente em troca de algumas benesses em outra área. Outras vezes, os “denunciantes”
queriam mesmo era indicar uma nova empreiteira para pegar o rico filão da “galinha
dos ovos de ouro”, que sorveu, derreteu e esbanjou recursos que poderiam ter
sido aplicados na Saúde e na Educação.
Se falo/escrevo sobre a execução de serviços por
administração direta pelas prefeituras é porque tive a oportunidade de, ao
assumir a prefeitura de Campo Grande, em menos de duas semanas construímos uma
ponte sobre o córrego Segredo, na Rua Euler de Azevedo, no Bairro São Francisco,
reestabelecendo o tráfego de veículos para a CopaSul e toda a saída para a BR
080, saída para Rochedo, que estava interrompido a mais de seis meses. Testemunhas
estão aí: os antigos comerciantes da região e os verdadeiros executores da
obra: Engenheiros José Divino, meu secretário de Obras, hoje aposentado como
engenheiro do Município e o também engenheiro Wilson Cabral, atual Secretário
de Obras do governador André Puccinelli. Na época, “Cabralzinho” era um
engenheiro recém-formado e trabalhava mais de 10 horas por dia, porque a Gestão
que tinha como slogan “O Povo no Poder” executava obras por administração
direta e economizava para os cofres públicos. FICA A DICA.
TRANSPORTES COLETIVOS
Como é do conhecimento geral, os serviços de transportes
coletivos são executados por empresas particulares que, obviamente, visam
lucros e são castigadas pelo excesso de “gratuidades” e principalmente, o que é
pior, sofrem com o pagamento de propinas a gestores do setor, forçando aí a
elaboração de uma planilha falsa, o que ENCARECE o preço da tarifa.
Este setor, aliás, é um dos que o prefeito a ser empossado,
Alcides de Jesus Bernal, conhece muito bem até porque foi presidente da
Comissão de Transportes da Câmara de Vereadores e já teve o patrocínio da
ASSETUR, entidade que reúne as empresas que exploram os transportes coletivos
em Campo Grande, em um dos seus programas na mídia.
MÍDIA... SÓ PARA APANIGUADOS
Este também poderá ser um assunto que deve merecer a atenção
da próxima administração e da futura Câmara de Vereadores da Capital. Até 31 de
dezembro só eram aquinhoados com recursos da verba de divulgação da Prefeitura
da Capital aqueles que estavam em uma relação que só o prefeito e o
super-secretário Paulo Nahas ( aliás, um dos poucos auxiliares competentes, ao
lado de Cesar Estoduto (Receita) e Maria Cecília Amêndola (ex-titular da
Educação) tinham acesso. O pobre do assessor de comunicação social só recebia a
relação depois de liberada pelo chefe, com os nomes dos apaniguados/beneficiários
da verba pública. Um fantoche e por isto mesmo seus antecessores pediram o
boné.
A solução para esta área é simples e tudo indica que o
futuro prefeito fará modificações, porque, como homem de imprensa, ele sabe que
a imprensa séria (se é que existe...) só recebe o pagamento correspondente às
inserções de interesse do Município e não pelos elogios escancarados a um
prefeito narcisista.
A solução aqui é simples: Exija principalmente dos sites de
notícias RELATÓRIOS DE ACESSO emitidos pelo GOOGLE ANALITIC, que não
manipulado, pois existem sites e blogs que não têm nem vinte acessos diários e
recebem (só até dia 31/12) valores enormes dos cofres municipais. Isto sem se
falar em “devezenquandários”, revistas sem nenhum conteúdo e de circulação
duvidosa que eram beneficiadas. Isto precisa acabar, e já.
E O BERNAL, VAI MATAR A GALINHA DOS OVOS DE OURO?
Apostas já são feitas que dificilmente a indústria do “Tapa-buracos”
será sepultada, porém é quase certo que aqueles que exigiram mudanças passarão
a exigir ações seguras e não a simples troca de empreiteiras para executar os
serviços de recuperação da esfarelada malha asfáltica de Campo Grande. A saída
repito, mais uma vez, é a imediata recuperação dos equipamentos da Secretaria
de Obras e a compra de novos caminhões para atender a demanda da secretaria.
Se ela não executa nenhum serviço, pergunto: Para que serve
a onerosa secretaria de Obras?
Este artigo pode até servir de orientação ao prefeito, em
relação aos três setores, e deve ser levado a sério porque é assinado, modéstia
as favas, é assinado por alguém que já passou por lá e saiu, graças a Deus, de
mãos e consciência LIMPAS.
Por outro lado é perfeitamente natural que é de “onde nada
se espera é pode sair algo surpreendente... ou nada mesmo”. FICA A DICA.
(*) O autor é jornalista e foi vereador, presidente da Câmara
Municipal, prefeito de Campo Grande e deputado estadual. É editor do Site www.ojornalms.com.br
Parabéns pelas dicas construtivas e os exemplos citados.
ResponderExcluirPessoalmente, não acredito em tapa-buracos municipal (pelo menos para cidades do tamanho de CG ou maiores). Acho que o Bernal deveria por em prática a intenção (que só ficou nela mesma) do Nelsinho no início de sua segunda administração: redução de 30% nos contratos com empreiteiras e prestadoras de serviços. É claro que deverá, para isto, abrir mão da contrapartida financial-eleitoral obrigatória. Mas porque todo, absolutamente todo, contrato tem que ter essa contrapartida? Numa época em que todas as diversidades são consideradas (indo até ao exagero inaceitável), porque não podem caminhar, lado a lado, licitações "normais" e licitações "virgens". O que os políticos têm contra as (e os) virgens?
Que tal se o Bernal (rimou) separasse uma cota só sua, ainda que pequena, para esse tipo de licitação ou contrato?